Rosácea: uma doença de pele que pode piorar no verão

Por: Dra. Mariana Kessel, médica dermatologista

Caracterizada por uma vermelhidão excessiva no rosto, a rosácea é uma doença de pele crônica que atinge principalmente a região centro facial, mas também pode acometer outras partes do corpo e ocorre em 1,5% a 10% da população, de acordo com dados da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia). Ainda não há um consenso sobre as causas da rosácea. O que se sabe é que o problema é mais comum entre pessoas de pele branca, principalmente mulheres, e acima dos 30 anos. A genética familiar também tem influência no aparecimento da doença, bem como a proliferação desordenada de bactérias presentes naturalmente na microbiota da pele.

A rosácea é causada pela dilatação excessiva dos vasos da pele, uma alteração vascular que resulta na característica vermelhidão na face —chamado pelos médicos de eritema. O eritema costuma acometer principalmente a região nasal e as bochechas, poupando a área ao redor dos olhos. Mas o problema pode surgir também no pescoço, nas orelhas e na região torácica.

Além da vermelhidão, a sensação de queimação e ardência e vasos da pele visíveis também são sintomas comuns. O quadro pode evoluir e vir acompanhado de lesões semelhantes à acne (as pápulas e pústulas). A forma mais grave da doença é chamada de fimatosa, quando há inchaço e a pele se torna mais espessa. Isso pode provocar um aumento exagerado, especialmente do nariz, formando o que os médicos chamam de rinofima.

Os sintomas de vermelhidão e ardência costumam piorar com determinados gatilhos como: calor, estresse, atividades físicas, mudanças bruscas de temperatura, ingestão de bebida alcoólica, ingestão de condimentos como pimenta e alimentos quentes, além de algumas medicações e o uso de cosméticos inapropriados para esse tipo de pele (como ácidos muito fortes).

Além da vermelhidão e das pústulas, outra característica da pele com rosácea é que ela não possui uma barreira cutânea eficiente, tornando o tecido bastante sensível e muitas vezes até ressecado. Por isso, o excesso de sol também é um gatilho importante que acaba piorando o aspecto inflamado da pele. Além de agredir o tecido, o sol ainda aquece, agravando a dilatação dos vasos.

Para evitar esse agravamento, é preciso usar filtro solar de FPS alto combinado ao uso de uma proteção física, como chapéus e bonés. Também é bom evitar se expor nos horários de pico do sol, ou seja, entre 10h e 16h, e ainda reforçar a hidratação para manter. Por exemplo, se eu vou para o sol, melhor evitar a ingestão de bebida alcoólica no mesmo momento, pois a combinação de muitos gatilhos pode provocar uma crise severa.

Durante a crise, quando a vermelhidão e o ardor são intensos, o mais importante é tentar diminuir a temperatura da pele para aliviar a sensação de ardência.

Vale, por exemplo, colocar o hidratante de uso diário e até a garrafinha de água termal na geladeira antes de aplicar sobre a pele. Outra possibilidade é fazer um chá de camomila, que tem propriedades anti-inflamatórias, e utilizar os saquinhos para fazer compressas geladas no rosto.

No consultório, alguns tratamentos podem ser feitos para controlar a doença e melhorar o aspecto da pele. Se a manifestação for apenas a vermelhidão, o uso de hidratantes específicos e aplicação de laser são os procedimentos mais recomendados. No caso de quem sofre com pústulas, o médico pode recomendar o uso de antibióticos via oral ou de uso tópico para reduzir a inflamação no local. Não é recomendado o uso de cremes com corticóide, pois a pele pode até apresentar melhora em um primeiro momento, mas o uso contínuo costuma agravar a doença.