Gordofobia é tema de peça-metragem em “Amores Flácidos”

“Amores Flácidos”, peça-metragem que aborda o preconceito, como a gordofobia, estreou semana passada, on-line, aberta ao público, e terá suas últimas apresentações nos dias, 18, 19 e 20 (com intérprete de libras) de setembro, sábado e segunda às 21 horas e no domingo, às 20 horas.

Teve sua primeira apresentação no dia 11 setembro (sábado), se repetindo no domingo e segunda, com uma sessão especial, com um intérprete de libras, buscando incluir pessoas com deficiência auditiva, no projeto. Nos mesmos horários deste próximo final de semana.

“Amores Flácidos”, espetáculo idealizado pelo ator Bruno Dubeux, foi o primeiro texto escrito pelo dramaturgo Herton Gustavo Gratto, um dos vencedores na Primeira Edição do Núcleo Sesi de Dramaturgia em 2014 e que ganha sua primeira montagem em formato híbrido entre teatro e cinema.

Na “peça-metragem”, a atriz, Aliny Ulbricht interpreta, Eunice, que sempre sofreu preconceito e estigma ao longo de sua vida por conta do seu corpo e obesidade, se apaixona por Aroldo, magro, bonito e esbelto, que evita glúten e nunca come dois tipos de carboidratos de uma só vez. Aroldo também se apaixona por Eunice. Flertam, namoram, passam a morar juntos, mas ele não consegue assumi-la socialmente e perante sua família. Após dois anos escondendo Eunice do mundo externo, uma descoberta leva Eunice a um rompimento brusco: “O tempo que tenho para terminar de tomar esse sorvete é o tempo que você tem para cair fora da minha vida, de uma vez, meu filho. Cai fora!” O ego de Aroldo, por sua vez, não aceita que uma mulher gorda o rejeite. Suas atitudes a partir disso, traduz simbolicamente toda a violência sofrida por pessoas com obesidade.

Falar de gordofobia e todas as violências sutis, ou não, é fundamental para que as pessoas repensem o próprio olhar diante do corpo do outro: “Com frequência, pessoas acima do peso são desqualificadas pela sua imagem corporal, rotulados inclusive de preguiçosos e desleixados. Por que uma pessoa, única no planeta Terra, não é vista com beleza justamente por ser quem é?”- questiona Bruno Dubeux, idealizador do trabalho.

Bruno, que também é médico nutrólogo, trabalha diretamente com a obesidade. No espetáculo ele traz a sua pesquisa para um prisma poético e social: “Esse conteúdo sempre mexeu comigo, e quando esse texto chegou até mim, através do Herton, tive logo o impulso de montar esse espetáculo. Como as pessoas na nossa sociedade tendem a julgar as outras pela aparência e como a falta de empatia afeta as nossas atitudes no dia-a-dia são reflexões atuais. Pensar sobre a nossa postura em relação ao outro é urgente”.

“Amores Flácidos” nasceu em 2018, inicialmente pensado para o palco, e por conta da pandemia, transformado em “peça-metragem”, filmada no palco do Sesc Arena em Copacabana no Rio de Janeiro. “Fazer arte é sempre marcante, e, fazer arte no auge pandêmico do Brasil, durante o triste recorde de 4.000 mortes diárias, mais ainda. Nunca vou me esquecer dos entreolhares emocionados de todos no dia em que pisamos pela primeira vez no palco do SESC Arena, em pleno momento de guerra lá fora. Um oásis refrescou nossas almas” – relata o ator e idealizador do espetáculo Bruno Dubeux.

Para a diretora Marcela Rodrigues o projeto também traz à cena outras polaridades: “Essa peça-metragem não é só um híbrido entre o cinema e o teatro, mas é também, a confluência entre o amor e o ódio, o mal e o bem. Tocamos nas feridas de um mundo totalmente polarizado, falamos de “amores” doentios, abusivos e da flacidez em amar o próximo”. Na encenação, junto ao diretor de movimento e assistente de direção Raffaele Casuccio, optam por uma linguagem não realista, tanto nos movimentos quanto na escolha da cenografia. A concepção, a teatralidade e a imaginação se afirmam como diretriz criativa primordial da peça-metragem, como descreve a diretora: “Amores Flácidos traz como proposta de encenação um estudo avançado do corpo, a simbiose entre teatro e dança, peso e contra peso, texto e movimento, mise-en-scène e cenário, transformando a relação física entre esses dois seres em alicerce para as emoções.”

Na trilha original, o violoncelo é a principal inspiração como protagonista absoluto. Além da melodia, ele cria atmosferas, sons, ruídos utilizando também ritmos descompassados e sons percussivos.

Com patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc. “Amores Flácidos” fará suas últimas apresentações nos dias 18, 19 e 20, às 21, 20 e 21 horas, respectivamente. Poderá ser acessado, gratuitamente, pelo link: https://youtu.be/qT4ji6qKwrw.

SERVIÇO:

AMORES FLÁCIDOS (PEÇA-METRAGEM)

Datas e Horários:            – 18 (sábado) às 21hs; – 19 (domingo) às 20hs e – 20 (segunda) às 21hs com tradução de libras

Onde:                                   – https://youtu.be/qT4ji6qKwrw

Duração:                             – 60 minutos

Faixa Etária:                       – 14 anos

Atores:                                – Aliny Ulbricht (Eunice)

                                               – Bruno Dubeux (Aroldo)

Direção:                              – Marcela Rodrigues

Texto:                                  – Herton Gustavo Gratto

Idealização:                       – Bruno Dubeux

Fotos Divulgação:           – DuHarte