Em meio à nova onda de Covid, como ficam os pacientes oncológicos?

Procedimentos foram alterados desde o início da pandemia

Por: Dr. Guilherme Ravanini, cirurgião oncológico

Com a nova onda de casos de covid-19 em todo País e a lotação de hospitais públicos e privados, a preocupação com os pacientes oncológicos volta à tona. Enquadradas como grupo de risco, essas pessoas sofrem com uma maior vulnerabilidade em infecções pelo coronavírus. Segundo pesquisa do grupo Oncoclínicas, publicada em fevereiro deste ano, pacientes com câncer apresentam uma taxa de mortalidade de 16,7%, bem acima do índice global de 2,4% de mortalidade da doença.

Cirurgião oncológico e professor assistente do Departamento de Cirurgia Geral e Especializada da UniRio, Guilherme Ravanini, explica que o tratamento desses pacientes continua sendo um dilema. Houve, entretanto, uma mudança nos procedimentos em relação ao início da pandemia.

Hospitais lotados fizeram mudar estratégias de tratamento dos pacientes com câncer


Mudança

Na primeira onda, quando a pandemia começou, evitamos ao máximo operar os pacientes oncológicos que podíamos, respaldados pelas sociedades médicas. Foi muito usada a estratégia de começar o tratamento com quimioterapia e radioterapia primeiro, como forma de adiar as cirurgias. Nessa terceira onda e hospitais literalmente lotados, houve um pouco de mudança.

“Como aprendemos um pouco mais sobre a transmissibilidade da doença e dos mecanismos de proteção e barreira contra a Covid-19, como a testagem, esse risco-benefício de cada cirurgia é avaliada de outra forma. Mas, nos pacientes que podem esperar um pouco mais pela operação do câncer, continuamos usando a estratégia de iniciar pela quimioterapia e radioterapia”, detalha.

O especialista relata também sobre a importância da vacinação desse grupo de risco. “A nosso favor temos a vacinação. O câncer atinge muitos pacientes na casa dos 50, 60 anos, e essas pessoas já estão começando a ser vacinadas. Os pacientes com câncer devem sim tomar a vacina. A única observação é que pacientes em uso de imunossupressores precisam evitar a vacina da Astrazeneca, que possui o vetor viral.

 

Dr. Guilherme Ravanini, cirurgião oncológico


Mais sobre Guilherme Ravanini

Guilherme Ravanini é cirurgião Oncológico com ênfase em cirurgia minimamente invasiva (Robótica e Laparoscopia), formado em Medicina pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio). Ravanini tem Residência em Cirurgia Geral e Videolaparoscopia também pela UniRio, e Residência em Cirurgia Oncológica pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Com mestrado no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG), no Rio, o médico atua ainda, desde 2016, como professor assistente do Departamento de Cirurgia Geral e Especializada da UniRio. Em seu perfil no Instagram, o @gravanini, o doutor compartilha informações relevantes sobre temas como Covid-19, câncer e tratamentos, cirurgias minimamente invasivas, entre outros.