Desde pequena, ouço falar que a água potável iria acabar, que o ar estava se tornando cada vez mais poluído, e que o plástico não era algo tão aceitável para a natureza e demoraria anos para se decompor. O assustador é ver os anos se passando e a velocidade da mudança em relação a isso, que é quase mínima, em comparação com a tecnologia digital por exemplo.
Lembro de ter lido um livro muito interessante chamado “Mundo Sustentável”, do autor André Trigueiro, um jornalista ambiental focado em fazer todos terem o mesmo olhar sobre o mundo. Chamou tanto minha atenção, que na época estava cursando a faculdade de Arquitetura e Urbanismo e todos os meus projetos eram focados pensando no meio ambiente.
Nesse livro tinha um trecho que dizia: segundo a WWF, o consumo de recursos naturais já supera em 20% ao ano a capacidade do planeta de regenerá-lo. Dados mais recentes demonstram que estamos utilizando cerca de 50% a mais do que o que temos disponível em recursos naturais, ou seja, precisamos de um planeta e meio para sustentar nosso estilo de vida atual.
São informações importantíssimas, que podem mudar o curso de nossas vidas com um consumo consciente, ou apenas ser uma informação impactante e desprezível, afinal está tão longe do meu alcance mudar algo que prefiro ignorar.
Foi assim que pensei nos meus vinte e poucos anos e facilmente entrei no grupo dos conformados com a destruição, consumindo normalmente como se não morasse no planeta Terra. Os anos se passaram e, hoje, leio muito sobre moda e claro que o assunto da sustentabilidade veio à tona e desta vez de uma forma mais concreta e madura. Mas o quê me fez pensar que poderia viver independente disso?
Talvez por achar que não sou importante o suficiente, rico o suficiente, com conhecimento o suficiente para mudar o mundo ou talvez por não querer sair da minha zona de conforto e agir de outra forma mudando toda a minha rotina e meu entendimento sobre como uso o planeta. Sinceramente, creio ser a última opção, até porque a um tempo atrás você era visto como um ET em separar os tipos de lixos consumidos em casa e até hoje não vejo normalidade nisso, sempre tem um empecilho.
O fato é que tudo isso é fruto de uma falta de conscientização das famílias, porque se mudamos os hábitos em nossas casas as crianças terão acesso às informações na escola e viverão a realidade em casa, coisa que não aconteceu comigo e por isso a credibilidade dessa necessidade se perdeu.
A nossa sorte é que ainda dá tempo disso tudo mudar, mas é necessário renovarmos o entendimento e termos um real encargo pelo futuro. Querendo ou não, somos influenciados a mudar nossos hábitos todos os dias, basta ver o próximo comercial na TV, ou encontrar uma amiga que fez uma nova dieta e já estamos lá, reavaliando nossas vidas e em doses homeopáticas mudamos a rotina. No caso da sustentabilidade é necessário uma mudança radical! Vimos que a pandemia exigiu de nós um novo ser vivente, mais humano, mais controlado e mais consciente.
Um choque de realidade trazendo para nós uma ótima oportunidade de mudar nossos conceitos sobre tudo. Principalmente a forma de consumir moda. Hoje encontramos consumidores mais jovens exigindo das empresas a responsabilidade ambiental e social pelas suas atividades. O comércio conhecido como ‘second hand‘, que movimenta bilhões, ganha mais força através das plataformas digitais, um novo público passou a consumir produtos usados e seminovos. Acredito ser uma nova mentalidade sendo implantada por consequência e peço a Deus que não seja apenas uma moda vintage passageira.
Toda vez que compramos algo usado ou seminovo, consequentemente evitamos as emissões associadas a sua produção além de poupar as emissões de gases relacionadas à gestão de seus resíduos. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), já são mais de 14 mil brechós abertos em nosso País. Existem lojas muito qualificadas para fazer esse tipo de venda, com roupas selecionadas e higienizadas corretamente, obtendo em seu acervo roupas de muita qualidade com preços ótimos!
O receio de comprar coisas de segunda mão precisa mudar, a matéria-prima já não está tão farta como antes e reciclar também é uma maneira de produzir algo sustentável. Que possamos estar em busca desse conceito aperfeiçoando cada vez mais a maneira sustentável de viver.